Membros do CREMESE e diretor-clínico do HUSE se reúnem com deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa
A reunião aconteceu na última terça-feira (27) e teve como pauta a preocupação com a saúde em Sergipe e o pedido de intervenção ética no HUSE.
O presidente do CREMESE, Dr. Júlio Seabra, iniciou a reunião explicando aos parlamentares como se deu o pedido de intervenção ética protocolado pelos diretores do HUSE. Ele também esclareceu que intervenção ética só pode ser solicitada pelo corpo clínico e que, no caso em questão, deveria ocorrer uma intervenção administrativa, o que não compete ao conselho.
Dr. Júlio ainda elencou quatro aspectos que problematizam a saúde no estado: falta de atendimento básico de saúde; não haver uma central de regulação de leitos; a falta de capacidade operacional dos hospitais regionais; e o fato de não existirem hospitais de retaguarda. “Estamos vivendo um genocídio e nós não nos formamos para isso. O problema é mais sério do que parece”, alertou.
Com o intuito de oferecer informações relevantes para a CPI da Saúde que está sendo formada pelos parlamentares, o presidente fez a entrega de uma pasta contendo diversas ações do CREMESE junto ao Ministério Público, além de cópias do pedido de intervenção ética e do despacho do conselho.
O diretor-clínico do HUSE, Dr. Marcos Krüger, ressaltou a falta de materiais e de condições de trabalho no hospital. Ele destacou também os problemas relacionados ao setor de ortopedia da instituição, os quais se agravaram mais com o fechamento da Clínica dos Acidentados, a demolição do Centro de Traumas e o aumento dos acidentes de trânsito.
Para ele, além do HUSE, mais duas outras instituições precisam ser investigadas pela CPI da Saúde: A Fundação Hospitalar de Saúde e o Hospital Cirurgia. “As queixas dos pacientes são justas, mas nós temos a preocupação de manter o melhor atendimento dentro das condições possíveis. As fundações vieram para destruir a saúde”, completou.
O conselheiro do CREMESE, Dr. Hyder Aragão, ressaltou que o problema da saúde é federal, uma vez que as fundações estão sendo implantadas nacionalmente. Ele também destacou que o problema da saúde em Sergipe não é ético, mas político, e que a responsabilização tem que ser dos gestores e não do Estado.
“A solução é fazer uma auditoria externa para que fique esclarecido o gasto de dinheiro”, sugeriu o conselheiro para a resolução dos problemas do HUSE.
Repasse – A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Angélica Guimarães, levantou o questionamento de como é feito o repasse de dinheiro para as fundações, se seria por procedimentos. O diretor-clínico do HUSE informou que os procedimentos fazem parte do repasse, mas que no hospital de urgências não há um gerenciamento dos procedimentos realizados e o repasse acaba não sendo feito.
“Se não sabem o que fazem e não recebem o dinheiro, a conta não vai fechar nunca”, declarou a deputada se referindo à dívida de quase 100 milhões de reais contraída pela Fundação Hospitalar de Saúde.
CPI da Saúde – O presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, deputado Gilson Andrade, convidou o CREMESE a participar das visitas de fiscalização que serão realizadas pela comissão e pela CPI da Saúde. “O CREMESE está à disposição”, respondeu Dr. Júlio Seabra.
“A CPI da Saúde vai precisar muito do CREMESE para transformar as informações em documentos e levar a discussão até as últimas consequências”, declarou o deputado Pastor Antônio dos Santos ainda com relação à participação do conselho.
Pastor Antônio sugeriu marcar uma reunião com o novo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, uma vez que ele é o relator no caso das Fundações. “Temos que expor o que está acontecendo em Sergipe para que não irradie em nível nacional, declarou”.
Também participaram da reunião os conselheiros Dr. José Rivaldo Santos e Drª Rosa Amélia Andrade, e os deputados Venâncio Fonseca e Gorete Reis.