Sexta, 22 de Fevereiro de 2013

Um teste rápido para diagnóstico de hanseníase, apontado como promissor na redução decasosda doença, deve começara ser usado no Brasil ainda neste ano. Desenvolvido em parceria pelo Instituto de Pesquisas Infecciosas (Idri), dos Estados Unidos, e a empresa brasileira Orange Life, o exame é feito em menos de 10 minutos, com apenas uma gota de sangue do paciente.

“Os grandes avanços no tratamento de doenças geralmente são constatados em duas ocasiões: uma inovação tecnológica ou uma mudança de estratégia. Esse teste associa as duas situações”, avalia o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Hoje, não há um exame definitivo para identificar a hanseníase, o que dificulta o diagnóstico precoce.

O País é um dos líderes em número de casos. Em 2011, foram registrados 33.955 pacientes. Desse total, 2.420 tinham menos de 15 anos – um indicador de que a transmissão continua ativa.

Apesar do alto número de casos, diz Barbosa, a doença está concentrada em algumas regiões. “Boa parte dos médicos não tem familiaridade com a doença”, conta. Isso faz com que muitos, para evitar erro na prescrição, indiquem o tratamento só quando o quadro está bem definido. Além de agravar a situação do paciente, tal comportamento permite contaminação.

A hanseníase é transmitida por contato prolongado com um doente. “O diagnóstico precoce é um dos caminhos essenciais para reduzir o número de casos”, diz o secretário.

Inicialmente, o teste deverá ser feito em dois Estados, a serem definidos. No páreo estão Ceará, Pernambuco e Mato Grosso. Na próxima semana, uma reunião entre representantes do governo e da OrangeLife dever ser feita para acertar os detalhes.

Barbosa diz que, na primeira etapa, o teste será acompanhado por representantes de centros de referência. “Vamos avaliar como o teste se comporta no mundo real. Que tipo de treinamento profissionais terão de fazer para aplicar o teste, identificar eventuais dificuldades”, afirma.

Além de melhorar o diagnóstico precoce, o teste dará maior agilidade para a busca por pessoas que tiveram contato com infectados. “Quanto mais rápida a identificação, maiores as chances de reduzir de forma significativa o número de casos.”

Preço baixo – O presidente da OrangeLife, Marco Collovati, afirma que a unidade do teste não deverá custar mais de US$ 1. Ainda não foi acertado quantas unidades poderiam ser usadas nessa primeira etapa. “Ele é muito fácil de ser usado. Além de informação ágil, ele pode dar maior independência para equipes de saúde”, diz.

O produto foi desenvolvido em 2012 nos Estados Unidos. Em dezembro, recebeu o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além do kit de diagnóstico, a empresa desenvolveu um aplicativo para ser usado em smartphones. O dispositivo, de acordo com Collovati, pode melhorar a interpretação do teste e facilitar o registro das informações em bancos de dados.

Doença infecciosa, a hanseníase atinge pele e nervos dos braços, mãos, pernas, pés e cabeça. O tempo entre contaminação e primeiros sintomas varia de dois a cinco anos. Os sinais de alerta são manchas brancas, avermelhadas ou amarronzadas, com sensação de formigamento e redução da sensibilidade ao calor, frio e toque.

O tratamento, gratuito, dura de seis meses a um ano. Todos os pacientes submetidos à terapia podem ser curados.

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No Brasil

5,2 casos por 100 mil habitantes foram identificados entre menores de 15 anos, em 2011

29.690 pessoas estavam em tratamento de hanseníase no mesmo ano


Fonte: O Estado de S. Paulo

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